Nasceu em Tiradentes ( MG), á época, Vila de São José Del-Rey. Até pouco tempo, quase nada se sabia a respeito deste importante músico e compositor. Apenas conheciam-se algumas de suas obras.
Segundo pesquisas, Manoel Dias de Oliveira era mulato, filho de Lourenço Dias de Oliveira (Portugal?, ? – Vila de São José, 1760): branco, solteiro e possivelmente português. Atuou como organista na Vila de São José entre 1756 e 1760, onde pertenceu às Irmandades do Bom Jesus do Descendimento, Caridade de Nossa Senhora da Piedade, Nosso Senhor dos Passos e por fim São Miguel e Almas. Lourenço Dias de Oliveira pode ter gerado o filho com uma negra ou escrava, costume muito comum naquela época. A coincidência de sobrenomes e profissão nos leva a crer a possível descendência.
Manoel Dias de Oliveira além de músico, capitão, trabalhou também como calígrafo. Casou-se com Ana Hilária (Vila de São José, 1753/4-1824), provavelmente no início do ano de 1769, ele, então com 35 anos, e ela com 15 anos, aproximadamente. Segundo documento arquivado no IPHAN (Sobrado Ramalho) – Tiradentes (MG), o casal teve pelo menos 10 filhos legítimos, todos nascidos na Vila de São José: Maria Inácia das Virgens (1769-1850), Marcelina Maria Antônia (1772-1840), Francisco de Paula (1774-1829), Manuela (1776-?), Ana Maria (1780-?), Manoel (1781-?), Ana (1783-?), José (1784-?), Lourenço Justiniano (nascido e morto em 1786), e Teresa (1789-?). Ainda há o registro de um décimo primeiro filho, de nome Severino (1788-?), batizado como “exposto em casa”, que significa tratar-se de um agregado ou filho adotado.
Quanto á sua formação musical, podemos cogitar com a possibilidade de ter estudado com os mestres locais que viviam na Vila São José naquela época. A primeira hipótese é a de que teria sido aluno do próprio Lourenço Dias de Oliveira. Também podemos supor como seus tutores, os músicos capitão Francisco da Silva Nunes e Souza (Portugal?, 17?? – Vila de São José?, 1803), que além de militar, músico – regente, cantor (tiple) e compositor, era também tabelião e pintor; o mestre-de-capela padre Paulo Rodrigues de Souza (? – 1751?), músico de maior prestígio da Vila nos anos 40 do século XVIII; ou o padre Felipe Franco (?-1760?), que atuou pelo menos desde os anos 30 do século XVIII como cantor e compositor de bradados.
Segundo nossas fontes bibliográficas, o documento mais antigo que se conhece de Manoel Dias de Oliveira como compositor data de 1769, “da Muzica a Mel Dias a dois coros”, composta para a Irmandade de Nosso Senhor dos Passos. Da Vila de São José, por enquanto, só foram encontrados documentos sobre suas atividades de compositor entre 1769 e 1798. Vale ressaltar que não encontramos nenhuma anotação sobre sua atuação como instrumentista, seja como organista, instrumentista de cordas ou sopros ou cantor, prática comum dos músicos compositores do século XVIII.
De sua vasta obra, uma parte é considerada autógrafa do compositor, outras obras, restauradas por copistas, trazem menção de sua autoria, e a maioria são atribuídas ao compositor amparadas em relatos da tradição oral ou em estudos formais e estilísticos comparativos.
O compositor morreu em 19 de agosto de 1813, sepultado na capela mor da Igreja de São João Evangelista, dado como causa de sua morte “moléstia do peito” como consta no se atestado de óbito encontrado no Livro de Óbitos e Testamentos da Matriz de Santo Antônio de Tiradentes (MG).
RICCIARDI, Rubens Russomano – MANUEL DIAS DE OLIVEIRA: Um compositor brasileiro dos tempos coloniais - partituras e documentos. Tese para a obtenção parcial do título de Doutor em Artes pelo Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.
TONI, Flávia Camargo. A música nas irmandades da Vila de São José e o Capitão Manoel Dias de Oliveira. 1985. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1985.
Obra | Status do Acervo | |
Amante Supremo (Lá menor) | Não-Publicada |
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Antífona a 2 coros | Não-Publicada |
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Bajulans (Sol menor) | Não-Publicada |
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Domine Jesu (Si b Maior) | Não-Publicada |
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Eu vos adoro (Dó Maior) | Não-Publicada |
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Eu vos adoro (Mi menor) | Não-Publicada |
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Haec dies | Não-Publicada |
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Herói que busca (Ré Maior) | Não-Publicada |
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Magnificat (em Ré) | Publicada |
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Matinas de Nossa Senhora a 2 coros | Não-Publicada |
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Matinas de Nossa Senhora da Conceição a 8 vozes | Não-Publicada |
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Memento a 2 coros | Não-Publicada |
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Miserere (Ré Maior) | Não-Publicada |
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Missa a 2 coros ou 8 vozes com 2 Violinos, 2 Trompas e Basso | Não-Publicada |
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Motetos (a quatro vozes a cappella) | Não-Publicada |
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Motetos a 2 coros | Não-Publicada |
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Motetos de Nossa Senhora das Dores a 8 vozes | Não-Publicada |
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Motetos de Passos a 8 vozes | Não-Publicada |
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Motetos de Passos a 8 vozes cantados e instrumentados | Não-Publicada |
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Motetos de Passos a 8 vozes e não tem Basso | Não-Publicada |
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Novena de Nossa Senhora da Boa Morte (Ré Maior) | Não-Publicada |
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Os Vos Omnes (Dó menor) | Não-Publicada |
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Plorans a 8 vozes | Não-Publicada |
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Popule Meus (Lá menor) | Não-Publicada |
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Te Deum (Si menor) | Não-Publicada |
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Trato, Paixão e Bradados (Sol Maior) | Não-Publicada |
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Encomendação de Almas | Publicada |