São poucas as referências sobre as origens de Antônio Santos Cunha. O musicólogo e compositor Drº José Maria Neves foi um dos pioneiros nas pesquisas que comprovassem a história desse importante compositor que viveu na Vila de São João d’El-Rey, no final do século XVIII e início do século XIX. Como evidenciam documentações antigas das Irmandades e Confrarias de São João Del Rei (MG), sabemos que Santos Cunha não seria negro ou mulato - como a maioria de seus colegas músicos nesse período - uma vez que, conforme registros antigos, em 1800, o compositor ingressou na Ordem Terceira do Carmo e, em 1801, na Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, duas corporações religiosas que não aceitavam negros e mulatos em suas hostes.
Quanto á sua nacionalidade, temos o forte indício de que Antônio dos Santos Cunha seria português, vindo para o Brasil no final do século XVIII, junto com o grande fluxo de músicos lusitanos que vieram para as Minas Gerais; e que teria fixado residência na Vila de São João d’El Rey (hoje, município de São João Del Rei – MG), a partir de 1786. Consta também em documentação das corporações religiosas, a informação de que Santos Cunha teria viajado em 1815 para Lisboa.
Sobre sua produção, temos cinco obras conhecidas, cujas fontes se encontram, na sua maioria, nos acervos das orquestras Ribeiro Bastos (ORB) e Lira Sanjoanense (OLS), em São João Del Rei e também no Arquivo do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro (ACMRJ). São elas: Missa Grande (ORB); Responsórios para Quarta, Quinta e Sexta Feira Santas (ORB); Missa e Credo a Cinco Vozes (ORB e ACMRJ); Novenas de Nossa Senhora da Boa Morte (ORB); Pange Língua a Baixo Solo (OLS).
Segundo o musicólogo e pesquisador Edilson Rocha (Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro, vol. 4, págs. 28 e 29, 2011), a partir da análise desse repertório, fica nítido que o compositor adquiriu sua formação musical fora das Minas Gerais. Suas composições possuem melodias que evidenciam o virtuosismo vocal muito utilizado nas óperas italianas, progressões harmônicas que conotam o estilo barroco europeu e passagens que evidenciam os instrumentos solistas com complexas mudanças de registros, e desenvoltura técnica, destacando o clarinete em suas composições. Podemos notar, também, que Santos Cunha demonstrava uma preocupação maior com o aspecto musical, e menor atenção ao ato litúrgico ou clareza da palavra/texto.
Não podemos determinar uma data exata do falecimento de Santos Cunha, mas podemos deduzir que ocorreu após 1822, uma vez que encontramos na fonte da Missa e Credo a 5 vozes do Arquivo do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro, a dedicatória com menção a fatos ocorridos no ano mencionado, como expõe e analisa o musicólogo e pesquisador Dr. Paulo Castagna (Patrimônio Arquivístico-musical Mineiro, vol. 4, pág. 42, 2011).
CASTAGNA, Paulo. Musicologia portuguesa e brasileira: a inevitável integração. Revista da Sociedade Brasileira de Musicologia, São Paulo, n.1, p.64-79, 1995.
CASTAGNA, Paulo. Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro vol. 4. Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2011.
NEVES, José Maria. Catálogo de Obras MÚSICA SACRA MINEIRA. Funarte, Rio de Janeiro, 1997.
RICCIARDI, Rubens Russomano – MANUEL DIAS DE OLIVEIRA: Um compositor brasileiro dos tempos coloniais - partituras e documentos. Tese para a obtenção parcial do título de Doutor em Artes pelo Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.
TONI, Flávia Camargo. A música nas irmandades da Vila de São José e o Capitão Manoel Dias de Oliveira. 1985. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1985.
http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/1341/mod_resource/content/1/These_Definitiva_e_Curta-2.pdf
Obra | Status do Acervo | |
Missa e Credo a Cinco Vozes | Não-Publicada |
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Missa Grande | Não-Publicada |
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Novena de Nossa Senhora da Boa Morte | Não-Publicada |
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Pange Língua a Baixo Solo | Não-Publicada |
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Responsórios para Quarta, Quinta e Sexta Feira Santas | Não-Publicada |
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Hino de Nossa Senhora - Assumptionem | Publicada |
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Oficio de Quarta Feira Santa | Publicada |
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Oficio de Sexta Feira Santa | Publicada |